<em>O «perigo» da unidade</em>
A oposição libanesa mantém há 18 dias uma concentração ininterrupta em Beirute
Ao momento da escrita deste artigo a oposição libanesa mantém há 18 dias uma concentração ininterrupta em Beirute. Contrariamente aquilo que é papagueado na comunicação social este é um poderoso movimento de massas muito diverso e plural. Nele convergem forças políticas tão diferentes como o Partido Comunista Libanês; o Hezbollah; o seu tradicional aliado, o Amal e ainda a Corrente Patriótica Livre do general Michel Aoun, entre outros. Nele participam as mais diversas comunidades nomeadamente xiitas, sunitas e cristãos maronitas. As reivindicações deste impressionante movimento social e político são claras: demissão do governo; fim da submissão aos interesses do imperialismo; realização de eleições antecipadas; constituição de um governo provisório de unidade nacional e preparação de um calendário eleitoral que inclua entre outras questões a revisão das leis eleitorais, substituindo as actuais, baseadas no confessionalismo, por outras que assegurem a representatividade o mais aberta possível e se sustentem no princípio da proporcionalidade. Defendem ainda que esse novo período da vida do Líbano, posterior às eleições, possa conduzir ao redesenhar do regime libanês defendendo a sua laicidade e democraticidade, cumprindo nomeadamente os preceitos decorrentes da própria Constituição libanesa e dos acordos de Taef que preconizam a transição de um regime confessional – pasto perfeito para ingerências externas - para um regime político na verdadeira acepção da palavra.
Mas quais as razões para tão grande mobilização? A primeira é que este povo não reconhece ao actual governo autoridade: ele falhou em toda a linha. Falhou a tarefa de defender o país aquando da invasão israelita do passado verão; falhou a tarefa de defender a soberania libanesa ao permitir o estacionamento de forças de países da NATO no seu território; falhou a tarefa da reconstrução; falhou a tarefa de aprender com a lição da recente invasão israelita e permite-se continuar a ser um governo fantoche nas mãos dos EUA e de potências como a Alemanha ou a França; falhou na necessidade de dar resposta às necessidades mais básicas de um povo martirizado pela guerra e que na sua maioria vive numa situação social bastante degradada; falhou no combate ao aumento exponencial do desemprego e do custo de vida; falhou no combate à corrupção e aos abusos de poder. Falhou finalmente numa política que estanque a hemorragia da emigração em massa decorrente dos problemas sociais.
Os EUA, o Conselho de Segurança da ONU e as potências europeias correm em defesa do seu «legítimo governo», que de legítimo nada tem quer do ponto de vista político e social, quer do ponto de vista constitucional, após a demissão em bloco de seis dos seus ministros. Fazem-no, desrespeitando por um lado a vontade mais que expressa da maioria da população libanesa e tentando, por outro, lançar irresponsavelmente o espectro de uma nova guerra civil. De forma notável as forças da oposição estão a resistir às provocações e tentativas de dramatização e mantém-se no campo estritamente político da luta de massas.
E é exactamente isso que aterroriza os EUA, Israel e potências europeias. É que forças tão díspares e com percursos históricos tão diferentes têm uma estratégia bem definida – anti-imperialista - defendem os reais interesses daquele povo e estão a por os interesses nacionais acima das suas próprias diferenças. É que movimentos como o Hezbollah, depois de terem pegado em armas, lado a lado com outros patriotas como os comunistas para defender a sua pátria, elegem agora o plano político para com um impressionante apoio popular, defender a soberania do seu país e a independência económica e política do Líbano face ao imperialismo. Fazem-no e põem metade da população de um país nas ruas, criando um real movimento de unidade nacional. É um exemplo importante para outros povos da região e isso o imperialismo não pode permitir sobretudo quando, em tentativas de fuga para a frente, como no Iraque ou na Palestina, os EUA, Israel e potências europeias tentam prosseguir a velha receita «dividir para reinar».
Mas quais as razões para tão grande mobilização? A primeira é que este povo não reconhece ao actual governo autoridade: ele falhou em toda a linha. Falhou a tarefa de defender o país aquando da invasão israelita do passado verão; falhou a tarefa de defender a soberania libanesa ao permitir o estacionamento de forças de países da NATO no seu território; falhou a tarefa da reconstrução; falhou a tarefa de aprender com a lição da recente invasão israelita e permite-se continuar a ser um governo fantoche nas mãos dos EUA e de potências como a Alemanha ou a França; falhou na necessidade de dar resposta às necessidades mais básicas de um povo martirizado pela guerra e que na sua maioria vive numa situação social bastante degradada; falhou no combate ao aumento exponencial do desemprego e do custo de vida; falhou no combate à corrupção e aos abusos de poder. Falhou finalmente numa política que estanque a hemorragia da emigração em massa decorrente dos problemas sociais.
Os EUA, o Conselho de Segurança da ONU e as potências europeias correm em defesa do seu «legítimo governo», que de legítimo nada tem quer do ponto de vista político e social, quer do ponto de vista constitucional, após a demissão em bloco de seis dos seus ministros. Fazem-no, desrespeitando por um lado a vontade mais que expressa da maioria da população libanesa e tentando, por outro, lançar irresponsavelmente o espectro de uma nova guerra civil. De forma notável as forças da oposição estão a resistir às provocações e tentativas de dramatização e mantém-se no campo estritamente político da luta de massas.
E é exactamente isso que aterroriza os EUA, Israel e potências europeias. É que forças tão díspares e com percursos históricos tão diferentes têm uma estratégia bem definida – anti-imperialista - defendem os reais interesses daquele povo e estão a por os interesses nacionais acima das suas próprias diferenças. É que movimentos como o Hezbollah, depois de terem pegado em armas, lado a lado com outros patriotas como os comunistas para defender a sua pátria, elegem agora o plano político para com um impressionante apoio popular, defender a soberania do seu país e a independência económica e política do Líbano face ao imperialismo. Fazem-no e põem metade da população de um país nas ruas, criando um real movimento de unidade nacional. É um exemplo importante para outros povos da região e isso o imperialismo não pode permitir sobretudo quando, em tentativas de fuga para a frente, como no Iraque ou na Palestina, os EUA, Israel e potências europeias tentam prosseguir a velha receita «dividir para reinar».